sábado, 16 de abril de 2016

Sobre a repressão da sexualidade e suas consequências



Olá, 

A sexualidade é uma das áreas mais complexas com as quais lidamos dentro da psicologia e também fora dela, na sociedade. As lutas de gênero em relação a igualdade e a tentativa de minar o preconceito em relação a estereótipos que temos dos papéis de homem e de mulher são problemas que precisamos tentar pensar sempre e sair do óbvio, que nos limita a sermos algo pelo que se espera de nós e não o que de fato desejamos ser. 

Neste sentido, o trabalho como terapeuta é muito duro. Duro porque temos que nos haver com as consequências de muitas destas ações do coletivo em relação a repressão, à falta de apoio e ao profundo medo e preconceito que se instaura dentro das pessoas a partir de suas experiências pessoais em relação à própria sexualidade, que quase é sempre conturbada.

Falo aqui de todo o qualquer percurso dentro de se tornar um homem ou uma mulher, que passam por experiencias que marcam o corpo, sentidas quase sempre como uma espécie de abuso, de ultrapassagem do limite do outro em nossa privacidade corporal ou mesmo fantasiosa. Abusos  podem ser sentidos de diversas formas e não são apenas os físicos propriamente ditos, mas há também os emocionais e psicológicos, pela repressão verbal que se pode fazer no outro, impossibilitando que ele seja ele mesmo. 

Imagine sofrer na infância ou na adolescência algum tipo de abuso sexual real, por alguém de sua família, da escola, um vizinho, alguém do seu convívio ou mesmo um estranho e não ter coragem de falar sobre isso por medo de ser julgado por isso.

Parece um absurdo, mas é isso o que acontece. As pessoa tem tantos problemas relacionados à própria trajetória pessoal em sua sexualidade que não suportam saber sobre algo do outro, sem reproduzir o julgamento que receberam na infância.

A trajetória de experiências e descobertas na sexualidade é sempre recheada de confusões, julgamentos pesados, imposições e repressões porque vem passando de geração para geração uma dificuldade absurda em lidar com ela com tranquilidade. E principalmente por que na infância, não temos condições de saber o que é o sexual, pois ele não faz sentido nos termos adultos, pois é apenas mais uma parte da exploração do corpo, do auto conhecimento, que vai se tornando reprimido quando a criança percebe o olhar do adulto sobre o próprio comportamento de curiosidade com seus próprios órgãos ou com os órgãos dos amigos, da mesma idade.

Temos nesse olhar do adulto as questões religiosas, histórias de repressão, de abusos, medos que fazem as pessoas sentirem vergonha de algo que é natural que é a sensação de prazer que nossos órgãos nos proporcionam. Essa vergonha que o adulto impõe na criança que está livre desse julgamento e que passa a carregar estas sensações também quando é reprimida.

É na sexualidade em especial que nos lembramos que somos animais também. Que temos hormônios e que o instinto é muito intenso de reprodução, de satisfação individual ou de busca por um parceiro que possa oferecer a satisfação neste sentido. Não há nada de errado no instinto.

Porém, o corpo da gente é só nosso. E é preciso ter certeza de que não é possível ao outro do lado de fora, fazer com ele algo que nós não queremos com ele. Mas isso acontece muitas e mutias vezes e com muitas e muitas pessoas, o tempo todo. E não apenas na infância. Somos julgados, depreciados, nos dizem o que é ser um homem ou uma mulher o que estes papéis representam o tempo todo, sendo que na realidade não há uma única representação possível a cada gênero, pois existem tantas representações possíveis de homens e mulheres quanto existem homens e mulheres, pois não existem duas pessoas iguais, independente de seu gênero.

Por conta disso tudo, a nossa privacidade é invadida por estas visões e definições do outro e do que ele espera de nós, normalmente numa idade tão precoce que não conseguimos nem entender o que foi aquilo. O problema é que mais tarde vem a ser compreendido e pode gerar culpa e vergonha, trazendo grandes dificuldades para o desenvolvimento de  uma vida sexual adulta saudável. 

É preciso lembrar, no caso de abusos físicos e reais e mesmo nos psicológicos e emocionais verbais, que não se pode culpabilizar a vítima em nenhuma circunstância. E infelizmente, muitas vezes é isso que o núcleo familiar, nossos parceiros ou amigos próximos fazem, por não saber como lidar com a sexualidade do outro, já que não sabe lidar nem mesmo com a sua própria e saber sobre a dificuldade da trajetória do outro nos relembra das nossas próprias, trazendo angústia e vontade de esquecer. Neste sentido, fazemos uma eterna repressão do outro, reproduzindo o que nos foi difícil o invés de elaborar estas experiências.

Meu desejo é que as pessoas possam conseguir estar mais em paz com as marcas que a trajetória do corpo vai nos deixando, julgando menos a si mesmas e que assim possam também julgar menos o outro ao seu lado. 

A terapia serve como espaço também para a elaboração das histórias destas marcas. Nosso corpo vem marcado por elas e são elas que nos fazem sermos quem somos, experienciar o mundo como experienciamos e trazer uma visão única e individual ao mundo. 

Não abafe a sua própria história, seja amigo dela, a conheça, se perdoe e perdoe aos que possam tê-la afetado de forma negativa, tente compreender que mesmo quem fez mal, deve ter passado por isso também antes de fazer e estava apenas reproduzindo. Vamos tentar parar reproduzir a repressão e o julgamento, tentando entender o outro em seu ponto de vista?

Esse é meu apelo a todos que apenas individualmente e um de cada vez podem fazer aos poucos uma sociedade mais igualitária, mais tolerante e mais plena, se relacionando melhor com si mesmos para só então poderem se relacionar melhor com o outro ao seu lado.

Vamos juntos?

Um abraço!
Carol

quinta-feira, 7 de abril de 2016

5 maneiras de ficar mais em paz com si mesmo



Olá, 

Hoje vim compartilhar com vocês alguns princípios que aprendi da filosofia do Reiki, através de um curso que fiz. Eles foram adaptados por Mikau Sui, um difusor do ensino do Reiki, a partir de princípios sugeridos pelo Imperador do Japão, na época.

Decidi compartilhar estes princípios por entendê-los como formas de entrar em contato com si mesmo, focando a energia do seu dia em coisas importantes que podem ajudar a trazer o equilíbrio, algo bastante difícil de se atingir na jornada de auto conhecimento de cada um de nós.

A ideia de Mikau seria a de tentar realizar cada um destes pontos diariamente, ou focar em um dos pontos mais difíceis de cada vez e depois ir ampliando a tentativa a medida em que se compreenda onde estão as suas maiores dificuldades. 

As cinco sugestões dele são as seguintes:


1 - Somente por hoje não se irrite

Apesar de reconhecermos a raiva como emoção importante, por nos levar a resolver problemas através de ações, gerando diálogo, argumentação e resolução, a irritação é diferente, pois é a raiva guardada e que não levou a nenhuma resolução e que acumulada pode gerar mal estar e até o adoecimento.

Preste atenção no que você está "engolindo", sem conseguir "digerir", o que está vivendo e não concorda, mas não está conseguindo transformar e tente mudar sua forma de lidar com isso. É importante ter consciência disso, pois a irritação, diferente da raiva, leva você a fazer coisas que não queria fazer, por apresentar este acumulo e depois se expressar de foram explosiva. Tente organizar-se para que o nível de "raiva" que você sente seja aceitável e produtivo e não exagerado, levando a essa irritação. 


2 - Somente por hoje não se preocupe

Normalmente nos preocupamos com coisas do passado e do futuro, o que tira você do momento presente, que é o único momento em que se pode realmente fazer alguma coisa. Se nos preocupamos com algo que não pode ser transformado, nos sentimos de mãos atadas e gastamos uma energia imensa com algo que é impossível de resolver, tirando o seu foco e o seu tempo do que é possível ser feito agora. Não é raro a ansiedade tirar o foco de uma pessoa que está cheia de tarefas a cumprir, deixando-a ainda mais atrasada em seus prazos através desta "pré-ocupação" com coisas que não poderá solucionar. 

Tente prestar atenção nestas preocupações que te tiram do presente e perceba se há algo que você possa fazer agora para ajudar a solucionar ou a minimizar o problema. Se há algo, faça! Se não há, aceite que não há o que fazer agora e tire o assunto da cabeça para poder resolver as outras urgências de sua vida. 


3 - Somente por hoje seja grato

Ao invés de focar naquilo que você sente dificuldade e colocar seu foco no que está faltando para você, tente prestar mais atenção naquilo de bom que você construiu, que você é e que você tem. Suas ocupações, suas relações, as oportunidades que surgem para você a cada dia, sejam elas muito simples ou maiores.

A energia movida pela gratidão é muito forte e mesmo nas situações adversas, é possível perceber uma oportunidade de aprendizado, mesmo que seja para não repetir novamente algum comportamento ou aprender algo novo. 

Lembre-se que um tropeço não é um tombo, pois não te faz cair, mas sim andar mais depressa, dando impulso para a sua caminhada. Agradeça mesmo às adversidades, por mais estranho que isso possa parecer, pois elas lhe tornarão mais forte para seguir!


4 - Somente por hoje trabalhe arduamente

Este ponto não se refere apenas ao trabalho remunerado e sim a tudo aquilo a que você dedica energia diariamente. Esteja sempre atento, se observe, se perceba o tempo todo e transfira isso ao seu trabalho, ou a sua atividade principal, seja ela qual for. Se você gosta do que você faz, não vai querer ser corrompido ou corromper ninguém e irá desejar ter o melhor resultado possível em retorno ao seu investimento de energia nisso.

Seja honesto, coerente com si mesmo, e se lembre que cada um tem uma individualidade que precisa ser respeitada no ambiente profissional e que cada opinião é importante, pois será um ponto de vista único que fará as coisas irem adiante, trazendo oportunidade para que todos estes olhares sejam levados em consideração formando um resultado também único. 


5 - Somente por hoje seja amável com tudo e todos

Este ponto é mais complexo por conta da dificuldade que temos em olhar o outro com empatia. Porém, é possível perceber em qualquer pessoa, (mesmo naquela com quem temos uma forte antipatia a primeira vista) um traço de similaridade conosco. O outro é alguém que, como você está tentando. Pode estar muito afastado do que ele mesmo deseja ser e pode nos trazer incomodo por nos remeter às nossas próprias falhas. 

De qualquer maneira, brigar e criticar o outro só irá trazer irritação, impedindo que as coisas fluam. Quando conseguimos agir de forma gentil, abrimos caminhos para que haja fluidez e até para uma troca possível, criando a empatia. Pense que se nos aproximarmos de uma pessoa conhecendo-a de perto, encontraremos humanidade nela e não será mais possível sentir a forte antipatia inicial.

O importante neste ponto é se observar, pensar sobre o que se quer para si mesmo e se permitir realizar as coisas a seu próprio favor, sem dar tanta atenção ao outro que te incomoda. 


Uma boa sugestão é escolher um dos princípios de cada vez para ir aos poucos vivenciando e percebendo qual a sua maior dificuldade, para então focar mais nela, pois este será o seu desafio pessoal, pois para cada um de nós haverá um desafio principal e algum ponto mais fácil de realizar dentro desta lista.

Espero que estes tópicos possam ajudar vocês a pensar um pouco mais sobre suas próprias ações e se conhecerem um pouco melhor! Na minha opinião o auto conhecimento é o melhor caminho para qualquer mudança que desejamos realizar em nossa vida.

Boa sorte!

Obrigada e um abraço!
Carol

domingo, 3 de abril de 2016

Atendimento gratuito em psiquiatria


Olá, 

Hoje venho divulgar um atendimento em psiquiatria gratuito na Santa Casa de MIsericórdia de São Paulo. 

Resgatei com o chefe de um Serviço de Psicologia que trabalhei durante muitos anos e era para lá que encaminhávamos os pacientes que necessitavam de tratamento medicamentoso ou de diagnóstico mais específico da psiquiatria que dão suporte ao atendimento psicológico.

Não é necessário marcar hora, basta comparecer ao serviço que fica na Rua Major Maragliano, 241 que fica entre as estações Ana Rosa e Vila Mariana do metrô. 

Maiores informações pelo telefone: 34662100.

Espero que possa ajudar que busca atendimento e não tem conseguido encontrar um bom profissional.

Um abraço!

Carol
carolinatorrespsicologa.blogspot.com.br